“E agora, José?”
(Carlos Drummond de Andrade)
(Carlos Drummond de Andrade)
Já se sentiu sozinha? Eu já e mais de uma vez. Dependendo da situação em que nos encontremos, estar sozinha pode causar insegurança e medo. O poema de Drummond, usado como epígrafe a este texto, intitula-se “José” e é bem conhecido. Nele, o eu lírico questiona José, apontando-lhe sua solidão numa cidade grande: o que José vai fazer sem festa ou luz, sem povo ou aconchego, sem mulher, sem discurso, sem carinho? José está só. Irremediavelmente só. O nada se apresenta diante de José; nem mesmo existe um mar onde ele pudesse desistir de tudo que é o nada de sua vida. Sem nada e no nada, só lhe resta vivenciar a solidão.
Por vezes, sou José e sinto-me só enquanto a própria vida me questiona: “e agora?”. Sim, às vezes tenho como companheira a solidão, porque ela não é exclusividade de algumas pessoas, mas acomete a todos, em momentos diversos da vida. Sem nada e no nada, só me resta vivenciar a solidão.
No entanto, há para nós - assim como havia, no poema, para José -, uma chave. Lá, José tenta abrir a porta com ela, mas nem mesmo a porta existe. Aqui, no entanto, para mim e para você, há a boa notícia: no Evangelho, encontramos a chave e a porta para vencer a solidão: o Emanuel, Deus sempre conosco.
Quando imaginamos a excelência e a supremacia de Deus Pai, imensurável em Sua grandeza e perfeito em tudo que faz, pode ser que a ideia de tê-lo como Deus conosco pareça distante da realidade e totalmente estranha a nós. Afinal, Deus é o Criador, Aquele que é o Senhor do universo e a tudo governa com soberano poder. Como imaginar esse Deus conosco, sendo o Amigo que nos tira da solidão? Como imaginá-lo Deus conosco, lado a lado nos momentos bons e ruins?
A Palavra nos assegura essa constante companhia do Emanuel ao nosso lado. O Deus Pai, por tanto nos amar, enviou Jesus, o Deus Filho, que se fez carne por amor e em nosso meio habitou. Como se fosse um de nós, sendo Ele o próprio Deus encarnado, viveu com a gente, caminhou com a gente, padeceu as limitações do ser gente e tudo para que não fôssemos mais sós, antes fôssemos um com Ele. Seu amor nos arrebata da solidão. Esse Deus conosco é o mesmo ontem, hoje e para sempre; Ele estará conosco todos os dias, até que os dias tenham fim. Como ensina Dane Ortlund, em seu livro Santificação profunda, “ele caminhará com você até o céu.”
E agora, você? Diante da verdade do Evangelho, é preciso tomar uma decisão. Como o José do poema, você pode se manter inflexível, dura e fazer de conta que o caos ao seu redor não a abala, que a solidão não incomoda, que estar só é apenas uma opção. Ou pode render-se. Entregar os pontos Àquele que é companhia, abrigo e proteção. Entregar-se ao Deus conosco que é conosco em todo tempo e por todo tempo e compreender, afinal que o Emanuel é um Deus relacional, que está conosco, que está comigo, que não nos deixará jamais. Com Ele, Jesus, o Deus conosco, não há espaço para a solidão.
Deus abençoe a sua vida!