Sobre verdades e mentiras

"A mentira é uma verdade que se esqueceu de acontecer."

(Mário Quintana)

(01.04.2021)

Hoje é 1 º de abril, conhecido como o dia da mentira. Quando criança, minhas metas nesse dia eram não cair nas mentiras contadas – e para isso eu desconfiava até mesmo dos bons-dias – e bolar histórias mentirosas, mas convincentes, que rendessem boas gozações e risadas.

A infância se foi há algum tempo, e a maturidade me permite lançar novos olhares a velhos fatos. Hoje, imersa numa sociedade em que imperam notícias falsas, e as pessoas levam a sério informações fantasiosas e sem comprovação, me pergunto o quanto faz ou não sentido celebrar o dia da mentira. Por que cultuar a não verdade, insistir em afirmar o oposto aos fatos, valorizando a enganação e a falsidade?

Minha mente se volta ao texto de Paulo, um cara muito bom em apregoar a Verdade, e que em Efésios 4.25 conclama os cristãos a viverem uma vida santa e moralmente correta, o que incluía falar a verdade uns aos outros. Suavizar sentidos pode ser um antídoto para não encarar os fatos como são, mas é preciso ir a eles. A mentira, em qualquer dicionário, tem como sinônimos engano, falsidade, fantasia, ilusão; a verdade, por sua vez, aparece como seu principal antônimo. E a Bíblia, o que diz desses termos? Bem, as Escrituras adjetivam o Diabo como mentiroso e o denominam Pai da Mentira (João 8.44); de igual modo, apresentam-nos a Palavra de Deus revelada a nós (João 17.17), o nosso Redentor, como a Verdade (João 14.6) capaz de nos libertar (João 8.32).

Se, como diz o poeta, a mentira é uma verdade que se esqueceu de acontecer, acredito que a verdade consiste na vitória sobre a mentira. Como a verdade "é", lembra-se de acontecer, vencendo, pois, o que "não é". Em se tratando da comunidade da fé, é urgente a gente se voltar ao convite de Paulo aos Efésios. O motivo do pedido aparece logo à frente: pois somos membros do mesmo corpo; ora, para haver comunhão, é necessário que haja confiança, pois aquela nesta é edificada. Sentir-me pertencente ao mesmo Corpo que meu irmão deve me levar a falar a verdade com ele, rejeitando de vez a mentira.

Em defesa da fé, falemos a verdade. É o que o Pai espera de nós. Como o Rev. Hernandes nos alerta, "Quando falamos a verdade, Deus está trabalhando em nós; quando falamos a mentira, o diabo está agindo por nosso intermédio1". Simples assim. Então, que a gente não bobeie esquecendo de permitir que a verdade seja e aconteça em nós. Que a gente escolha, dia a dia, seguir "a Verdade, em amor2", porque de nada adianta uma Verdade que não ame, já que a Verdade é amor (1 João 4.8).

Deus te abençoe neste primeiro de abril e em todos os dias.

1 LOPES, Hernandes Dias. Efésios: Igreja, a noiva gloriosa de Cristo. São Paulo: Hagnos, 2009, p.121.

2 Efésios 4:15.