"A linguagem dispõede conceitos, de nomesmas o gosto da frutasó o sabes se a comes"(Ferreira Gullar, poema "Não-coisa")
(26/07/2023)
Provar é essencial quando queremos conhecer algo ou verificar se uma coisa é boa ou não. Por exemplo, o sabor de uma comida. "Bom", "ruim", "gostoso', "quente", "frio" são alguns adjetivos que só podemos empregar para "definir" uma comida depois que a "experimentamos". A experiência de provar, portanto, deve anteceder o julgamento ou a classificação de algo como bom ou ruim.
Somos capazes de fazer isso com uma comida, com uma fruta, como exemplifica o poeta, mas não aplicamos a mesma lógica quando o assunto é Deus.
O rei Davi, em um de seus salmos, orienta:
"Provem e vejam que o Senhor é bom; bem-aventurado é quem nele se refugia" (Salmo 34.8).
No original, o verbo "provar" desse versículo não está empregado no sentido literal, mas no metafórico; diz respeito à experiência pessoal, ou seja, para eu saber se o Senhor é bom, preciso, antes, viver a experiência pessoal de conhecê-lo. E, sinceramente, basta olharmos à nossa volta para encontrarmos muitas, muitas provas dessa santa bondade. Podemos olhar para os bens materiais e ver neles provas da bondade de Deus, mas muito mais do que o pão de cada dia ou a roupa que nos veste, a bondade de Deus é manifesta em seu infinito amor por nós ao enviar seu Filho Jesus para redimir nossas vidas da perdição e nos fazer seus filhos. Não há amor maior que este!
"Vejam que grande amor o Pai nos tem concedido, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus" (1 João 3:1).
Mas… é preciso provar, pessoalmente, para ver.
Voltando à metáfora de provar a comida, lembrei-me desta cena do desenho Ratatouille:
O ratinho cozinheiro até tentou transferir sua experiência de explosão de sabores ao outro rato, mas não conseguiu. O sabor que tem a bondade de Jesus, só sabe quem a prova. Trata-se de uma experiência pessoal. Posso falar com você e tentar descrever o que é essa bondade na minha vida, mas por mais convincentes que minhas palavras pudessem ser, seriam incapazes de traduzir a você tal bondade. É preciso que você mesma a experimente.
João Calvino, em seu Comentário bíblico de Salmos, ao analisar este versículo, diz que o salmista
"convoca para que estimulem seus sentidos e dotem seu paladar com alguma capacidade de sentir sabor, para que a bondade de Deus se lhes torne conhecidas, ou melhor, lhes seja uma vívida experiência". (CALVINO, João. Salmos volume 2 - Série Comentários Bíblicos. São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2013, p.77)
O Senhor é bom; mas, assim como "o gosto da fruta só o sabes se a comes", você só descobrirá essa santa bondade quando a experimentar.
Não perca tempo.
Que Deus te abençoe!
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